O silêncio me ensina
uma eloquente surdez
que desfolha as horas,
arranca os minutos,
mastiga os segundos,
num delicado jogo
de paciência e lentidão.
Eu preservo os espaços
entre mim e o que me espera
com a reverência dos cegos,
com a brandura dos sonhos
que se fazem em segredo.
Cuido do tempo
como quem dá polimento
à prata da vida,
pois mesmo sem ainda me saber
pertencente a outro lugar,
sou nesse momento eu mesma
e as minhas possibilidades.
Existe em meu ventre
uma floração inteira e perfumam
minhas mãos as flores
que ainda não ascenderam da terra,
mas que já compõem o cheiro da minha pele.
Eu te espero enquanto em mim
vem nascendo a primavera.
Maria Flor!
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