quinta-feira, 24 de setembro de 2009

NASCENDO A PRIMAVERA...


O silêncio me ensina 


uma eloquente surdez 
que desfolha as horas, 
arranca os minutos, 
mastiga os segundos, 
num delicado jogo 
de paciência e lentidão. 


Eu preservo os espaços 
entre mim e o que me espera 
com a reverência dos cegos, 
com a brandura dos sonhos 
que se fazem em segredo. 


Cuido do tempo 
como quem dá polimento 
à prata da vida, 
pois mesmo sem ainda me saber 
pertencente a outro lugar, 
sou nesse momento eu mesma 
e as minhas possibilidades. 


Existe em meu ventre 
uma floração inteira e perfumam 
minhas mãos as flores 
que ainda não ascenderam da terra, 
mas que já compõem o cheiro da minha pele. 


Eu te espero enquanto em mim 
vem nascendo a primavera.


Maria Flor!

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