quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Filha da Noite

Ouço ainda seu riso e imagino dor da alma
que se intensifica, chorando a tenebrosa
desdita caminhou em trevas malditas.
Penso na bela morena dos olhos felinos!

Cabelos longos, vestido vermelho colado
ao corpo deixava o colo nu, decote sensual
e vigoroso, lábios carnudos de carmim. Filha
da noite chorava dentro do peito amargor!

Mulher de muitos amores tinha olhar duro,
pesado e frio, soluçava sua desgraça na alcova
sem deixar o sangue gritar, nas orgias noturnas
fechava-se, contudo, jamais perdia o brilho da flor.

Volvia o olhar aos céus elevando uma prece,
rogava ao Pai findar o suplício, pobre pássaro
maldito, viveu horrores em noite de horror. Vento
forte levou sua vida, sangue em taça borrifou a flor!

Marta Peres

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